sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Precisamos falar sobre a PEC 241/55 e as ocupações

Texto publicado no dia 09/12/2016 no jornal O Diário de Santa Maria.

Por Clara Rossatto Bohrz

Em tempos de discursos de “neutralidade” e “apartidarismo”, é preciso elucidar: a PEC 241/55 é carregada de ideologia. Escrevo, porque embora travestida de alternativa à atual crise econômica, ela traz no conteúdo de seu texto, um projeto de privatização dos serviços públicos. Aliás, a ideia de educação pública, gratuita e de qualidade não interessa ao atual governo, tampouco à atual gestão do DCE - que tem pregado pela defesa simplista do “direito de ir e vir” dos estudantes, ao invés de declarar abertamente o seu apoio à PEC, uma vez que a maioria de seus integrantes mostram-se favoráveis à essa medida.

E por que disfarçar? Ora, pois é no mínimo contraditório - para não dizer constrangedor - que um DCE, que deveria ter por objetivo defender os interesses dos estudantes, se manifeste a favor de uma Emenda que diminuirá drasticamente os investimentos em educação, saúde e assistência social. Ademais, segundo alguns economistas como Laura Carvalho, a PEC sequer resolverá a crise econômica, posto que os problemas transcendem a questão dos gastos, e depende muito mais de reformas como a tributária e a política. Entretanto, sabe-se que essas pautas não são discutidas pelos políticos que votam pela PEC do Fim do Mundo…

Por outro lado, há movimentos sociais que se insurgem contra essas medidas que visam atacar somente direitos - e não privilégios. Como destaque, as polêmicas ocupações. O #Ocupa, em 2016, que começou com os secundaristas das escolas estaduais no Paraná, inspirou estudantes de centenas de Universidades e Institutos Federais, que hoje, se organizam dentro dos espaços públicos para discutir e resistir aos arbítrios desse governo. Quem ocupa, acredita no acesso democrático ao serviço público; quem ocupa, procura maneiras de sair da crise sem sacrificar direitos fundamentais.  Contudo, as ocupações foram demonizadas, tanto é, que o atual DCE forçou a reitoria - mediante ação popular -  a ajuizar uma ação de reintegração de posse dos prédios ocupados. Neutralidade ácida, não?

Nas ocupações, houve respeito e organização; debates e atividades culturais; participaram delas as pessoas das mais diversas realidades sociais, opiniões e jeitos de ser. Acima de todas as diferenças, houve luta e resistência pela educação. E não, não foi divertido. Ocupar é cansativo e perigoso. Mas enquanto alguns lutam pelas férias desse semestre, outros lutam pelas aulas dos próximos 20 anos. 

No entanto,  se nem o DCE está pelos estudantes, estará o Congresso Nacional?


Brasil: "O grande salto para trás"

Veja na íntegra, o texto de Luc Duffles Aldon, Juliette Dumont e Jânia Saldanha, publicado no Jornal Le Monde, no dia 08/12/16.

Disponível em: http://www.iheal.univ-paris3.fr/fr/actu/br%C3%A9sil-%C2%AB-le-grand-bond-en-arri%C3%A8re-%C2%BB.

CRÔNICA DE UMA DESTITUIÇÃO ANUNCIADA: A QUEDA DE DILMA ROUSSEF DA PRESIDÊNCIA DO BRASIL

Veja na íntegra o artigo da professora Jânia Saldanha no site do Instituto de Estudos Avançados da América Latina.

Disponível em: http://www.iheal.univ-paris3.fr/fr/edito/chronique-d%E2%80%99une-destitution-annonc%C3%A9e-la-chute-de-dilma-rousseff-de-la-pr%C3%A9sidence-du-br%C3%A9sil .